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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Sobre Café e Bolo


O abacaxi é amarelo
E você não tá de terno
Existem toucas vermelhas
Também existem pequenas orelhas

A tampa tampa
A cigarra canta
Reluz a adaga
O cigarro apaga

Ouço gritos ao fundo
Acho que é o Seu Raimundo
Esse som corre o mundo
Na voz de um vagalumo

Vagalume que brilha
Na escuridão dessa trilha
Amigos de antionti
Eu, Pelé e o mastodonti

Íamos pela floresta
Pgnomo saiu da fresta
Ladrãozinho sacana
Levou minha grana
Pra sua cabana

Chegou o grande final
Traz a grana no Natal
Pgnomo do inverno
Aquele que não usa terno
Muito menos amarelo

(Eduardo, Gustavo, João Paulo e Rodrigo Zanateli)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Estou pronto


Muito minha mente mente
Sinto a força da fraqueza
Grande é o esforço para seguir em frente
Nessa vida sem beleza

Sedento por sentimento sincero
Submisso ao tempo com seu dedo em riste
Dessa vida nada mais espero
Assim me encontro um homem triste

Sigo cego certa seta
Cuja ponta aponta ao ponto
Da retidão da reta

Ponto esse que me encontro
Cumprida a meta
Resta-me esquecer, estou pronto.

(Eduardo R. L. Vieira)

Perda


De repente me toma conta um sentimento
Sentimento esse, repentino
Causador de sofrimento
Fruto do próprio destino

Posto-me diante de ti, espelho
Vejo os reflexos de uma vida
Ela que do meu lado se manteve
Hoje se encontra perdida

Foi-se pra não sei onde
Oh cousa amada!
Por quê?

Na névoa da morte se esconde
Oh coita amorosa!
Por quê?

(Eduardo R. L. Vieira)

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Violão

                                                       Violão
                                                 Violão Violão
                                    Violão Violão Violão Violão
                                                 Violão Violão
                                    Violão Violão Violão Violão
                                                Violão Violão
                                    Violão Violão Violão Violão
                                         Violão Violão  Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                                Violão Violão
                                            Violão Violão Violão
                                 Violão Violão Violão Violão Violão
                   Violão Violão Violão Violão Violão Violão Violão
               Violão Violão Violão                        Violão Violão Violão
             Violão Violão Violão                            Violão Violão Violão
              Violão Violão Violão                         Violão Violão Violão
                  Violão Violão Violão                 Violão Violão Violão
                   Violão Violão Violão Violão Violão Violão Violão
                        Violão Violão Violão Violão Violão Violão
                               Violão Violão Violão Violão Violão
                        Violão Violão Violão Violão Violão Violão
                   Violão Violão Violão Violão Violão Violão Violão
             Violão Violão Violão Violão Violão Violão Violão Violão
              Violão Violão Violão Violão Violão Violão Violão Violã
                 Violão Violão Violão Violão Violão Violão Violão Vi
                     Violão Violão Violão Violão Violão Violão Viol
                        Violão Violão Violão Violão Violão Violão
                             Violão Violão Violão Violão Violão

Gustavo Machado.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pergunta-se


Saberá lá o profeta
Por ande andam as águas murchas
Por onde passam os carros voadores
Por onde brilham as estrelas mortas

Saberá lá o astrólogo
Das viagens de um sol noturno
dos eclipses lunares em períodos diurnos
das lanternas que cegam o escuro

Saberá lá os deuses
das descrenças de uma fé
das exigências de um não-afazer
das mentes a persuadir

Saberá lá o que um curinga
pensa de um três e meio
de uma carta em um baralho inteiro
de um nipe não-cortado ao meio

Saberá, ó, xangô, saberá
saberá do infinito ineterno
Do finito eterno
da calça e do terno

Saberá lá... Ó, saberá lá

(Gustavo Machado)

Velhice



Sente sem saber,
Regressiva contagem,
Sofrida imagem,
Uma dor sem pudor.

Aceita a sina,
O veneno ameno,
O frio pós-calor,
Uma dor sem sabor.

Chama que lhe chama,
Cresce e padece,
Só, solidão silenciosa.

Certamente senil,
Velho pálido,
 É válido.

(Eduardo R. L. Vieira)

Verdade


Ruas de asfalto
pedras no caminho
pedágios ambiciosos
de uma vida sem destino

maratonas cansativas
cegas de um porvir
e cientes de um nonagésimo
que, pra poucos
um dia ri

mas o tempo
a Deus pertence
e correr é desnecessário

nadar contra a maré
é inconveniente
indecente
pois, assim, da vida
nada se sente

e nada é eternamente
nem um rio
nem montanhas
nem planos
nem a Terra
nem trovões
nem as chuvas
nem o sol brilha
para um infinito reluzente

havemos de brilhar
para uma vida consciente
pra deixar pegadas
na estrada que, um dia, pro céu
após a morte, trilharemos
Gustavo Machado.

domingo, 12 de junho de 2011

Leite de Amnésia



Falta amor
Falta calor
Falta atenção
Falta emoção

Se tudo isso é necessário
E tudo é feito ao contrário
O pobre enfermo definha
Na luta por uma vida mesquinha

Traga-me um cigarro
Trague-me diz o cigarro
Brindamos e bebemos

Mas o copo está vazio
O ser humano está vazio
Brindamos e esquecemos

(Eduardo R. L. Vieira)

Doce Bordel



Através de uma doce névoa
É percebida a pobre forma feminina
Luzes fortes, vermelhas
É percebida a animalesca forma masculina

De um afeto capitalista
O sentimento é deixado em segundo plano
De contato fugaz e passageiro
 É lhe tomado todo o dinheiro

Uma paixão regada à artificialidade
De pseudos afetos e carinhos
Conjunta a uma necessidade

Uma troca de fluídos e prazeres
Retorna o homem à cidade
Retorna a meretriz, aos afazeres.

(Eduardo R. L. Vieira)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ave, Lúcifer

As maçãs envolvem os corpos nus
Nesse rio que corre em veias mansas, dentro de mim
Anjos e Arcanjos não pousam neste Édem infernal
E a flecha do selvagem matou mil aves no ar

Quieta, a serpente se enrola nos seus pés
É Lúcifer da floresta que tenta me abraçar

Vem amor, que um paraíso num abraço amigo,
sorrirá pra nós, sem ninguém nos ver

Prometo abrir meu amor macio, como uma flor cheia de mel
pra te embriagar, sem ninguém nos ver

Tragam uvas negras
Tragam festas e flores
Tragam corpos e dores
Tragam incensos e odores

Mas tragam Lúcifer pra mim
Em uma bandeja pra mim.

(Os Mutantes)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Noite Fria



Macios travesseiros me aconchegam,
Cobertores espessos me aquecem,
Pensamentos malfazejos
Dialogam com desejos
Mesmo que não percebam
Aparentes fortes padecem
Mediante suas ações
Faz do ser seu alter ego
Mergulhado em emoções
Não vê, mas sente, ó pobre cego.

(Eduardo R. L. Vieira)