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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Circen

Constirpo intrínsceco
Quero irradiar teu signo
                             [benigno

Desatar a sutura
Entre o presente e o de repente
Através da agulha-linha
Entrelaçada aos dedos inocentes
Abrindo montanhas sobressalente
Sobre as odes de lanças incandescentes
Que rajaram do céu-maior.
                      (...)
Mas, novamente, o circo chegara à Macondo
E os dedos que devassavam tempestades
Não imitavam mais as raízes sobre a terra.

Brilho, desconexo, concêntrico
Coração alento e ímpar
- Senhoras e senhores:  O circo estendera sua tenda
 e tingia o espetáculo que a agulha-linha
jamais ousou
                         [recosturar

(João Paulo M Ferreira)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Socorro Calçadístico


E as calçadas desgovernadas
pedem arrego das rodas estacionárias.

-Corram! - Diz o piso lateral
-Sentam-se! - Diz a cantoneira
-Fujam, covardes! - Diz a borracha petrólica.

E cansadas estão todas essas calçadas
exaltas e pisoteadas.

Ipanema pede greve
dos saltos-furadeira
e das solas mal-gastadas.

Faz zig-zag pra se refugiar
mas é insistente o  holocausto
contra elas.

Hollywood viu mãos
e foi tapeada na cara
quanta falta de misericórdia
com essas humildes calçadas.

-Andem no asfalto, seus miseráveis! - diz a calçada revoltada -
É seu irmão, borracha petrólica. Maltrate-o a mim! 

Mas a circunferência de setores gira sem exaustão
e as rodas estacionárias adiantam e atrasam
e massacram as calçadas,
as cantoneiras,
as ladeiras
pintadas de verde e amarelo
e branco.

Viva a barbearia transital
Sofrem as calçadas desse caos.

Gustavo Machado

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Expansão vital-dimensional


O sereno que pela fresta se espalha
em tom de cor-morta
arrepia o que um dia se vê
e o passado então entorta.

Entorta o vidro,
o espelho,
o caminho,
em busca do surreal
perfeito espinho.

E pinta de cinza
o batente avermelhado
tampa a janela
e lacuna o telhado.

A fresta, então, se rompe em buraco,
em vortex transcendental,
em plano sub-real.

A vista cansa,
a neblina entra,
o olhar espanta,
o caminho aumenta.

As flores murcham com a brisa
os cavalos gritam, congelados
os tomates saltam, salteados
a vida expande-se sobre a vida.

A eternidade,
o sereno espírito,
o frio quente
da alternação de plano.

A fresta fecha,
o buraco cobre-se,
o torto desentorta-se,
e tudo que estava morto acinzentado
volta a cor viva,
ao vermelho luz,
a paixão que conduz
o sentido da vida.

E a vida expande-se sobre a vida!

Gustavo Machado.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Texto Reflexivo


Das várias bombas soltas por aí,
Desde Hiroshima ao Haiti,
O desespero pelo petróleo,
A sede excomungada por territórios,
O que ainda haverá de vir?
Depois de Bush trair o próprio país,
Destruir o pentágono e as duas torres,
Não se vê cair nenhuma lágrima do seu falso rosto;
Por milhões de vozes silenciadas em dores (Como no Século XX, o mundo fuzilado pelas tropas arianas de Füher).
Imperialistas indutores que impõe para todos como tudo deve ser,
Avante, pois, das mazelas de gaza as nações mais fracas,
O impetuoso sentimento de ódio nunca é saciado.
Até quando derramar o sangue alheio será justo?
Não cansando nunca de controlar tudo para obtenção de mais poder.
A simples liberdade de contestar,
Ao grotesco ato de atirar,
Agora até em lar familiar,
Há de haver uma bomba prestes a estourar.
Seria mesmo difícil compreender palavras,
Estabelecer consensos
E respeitar costumes e culturas diferentes?
O poder não deve o certo para estabelecer o que de fato é certo.
A sua crítica para com outro, na verdade é, o seu próprio defeito visto de maneira imperceptível
Um cristão comum que se apega a imagem de Jesus pregado a cruz,
O Hindu que se isola dos males humano-conscientes para alcançar a luz [...]
Qual estará certo eu não sei e ninguém saberá dizer,
Mas foram conceitos criados para nos melhorarmos.
O óbvio se encontra no óbvio.
As belezas estão dispostas na vida.
O simples é tornado agradável na instância vivencial,
E por que tudo não se torna simples como as palavras?
Qual será a nova face do mundo?
Que heresia poderia ser posta em vigor?
Mas saibam que o poder nunca será absoluto.
O camponês que antes andara a pé, agora és rei,
Montado sobre um nobre cavalo azul e verde.
E da mão de obra barata, o PIB ultrapassará até mesmo aqueles que um dia disseram que a América seria dos americanos.
Do petróleo para a água,
Das Américas à Ásia,
Em qual lugar se carregará a próxima arma?
Até qual ponto esperaremos a nova bomba ser montada?

 Por: Lucca Moretti Rios

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Memórias Luso-Mineiras


Caminhando pela Avenida Dr. Lisboa,
Deparei-me com Camões embriagado,
Cantarolando sobre sua vida à toa,
Só podia eu estar equivocado.

Camões veio de Portugal?
Camões veio do Umbral?
Questionei-me incessantemente.

Fazia poesia a revelia,
Palavras de incomparável melodia,
Boquiaberto estava eu, frente a frente.

Soltei a fumaça aprisionada em meu pulmão,
Camões se esvaiu no vazio da dimensão,
Tudo não passou de uma ilusão,
Ou será que não?

Loucura urbana da mocidade,
Pouso Alegre promovendo a condutividade
Entre sonho e realidade.

(Eduardo R. L. Vieira)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Contemporaneidade


Suas logomarcas ferem-me o corpo,
Adagas flamejantes da submissão popular,
Sangram meu senso crítico,
Putrefazem minha ideologia.

Desdenho e não quero comprar.
Diante disso questiono-lhes:
Grandes monopolizadores,
Até onde a ganância pode chegar?

Máquina anti-altruísta,
Maldita política imperialista,
Mesquinhez consumista.

Números sem espírito,
Homens corrompidos,
A supremacia dos dígitos.

(Eduardo R. L. Vieira)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Esse Tull Jethro Folk...



As flautas flamejavam o seu hino
suave e sereno,
ao tempo e destino

Seguindo a guitarra
estridente e falante
que vibrava ao som das cordas
que batiam em seu corpo macilento
deixando escorrer os dedilhados
e solados sobre seu braço.

O blues é profundo
progressivo e delicado
e cantando ao som dos passarinhos
calmo, profundo
elaborando a flora
do nosso viver.

E voam as borboletas
azuis, blues!
Batem suas asas
em tempo seguido
e coloca beleza nos olhos
de quem vê
[e nos ouvidos de quem escuta,
mas tristeza pra quem vive
e pra quem toca.

O Dó, o Ré,
a flauta segue a guitarra
que segue os passarinhos
que seguem as borboletas
na harmonia do destino
do hino
do sino
[da capela.

Encerra em tom suave
em pã-rã-nã- pã-rã-nã...!
com sino abreviando seu toque
junto ao hino, finalizado
e à flauta ressoprada em constante nota
natural
natureza

A beleza cessa
o pássaro canta (e voa)
a borboleta bate as asas (e também voa)
e não para, sequer, por nenhum instante
a vontade de refazer o som ultradimensional
a vontade de retornar à melodia transcendental
a vontade de reouvir um
Jethro Tull!!

Gustavo Machado.

Linhas

O silêncio de  Saturno
Sopra errante
Por detrás do cais distante
Onde deveria, vasta criatura, naufragar.

Mas ousa-me, maior,
O pudor.
Reconstruído pelas cinzas
Que desintegraram-se
Em mares-maiores
Com cujos braços hesitei em abarcar.
                   (...)
Mas, agora, então há de ser diferente
Cerraremos sorrisos esvaecidos, de repente
Embora por um lapso
De primaveras ardentes
                                [que porão de pé o jardim transcendental e suas pontes

Agora, Holden,há estrelas
Costuradas ao céu
E há bocas costuradas sem qual dor.

Todavia, seremos imensos.
E do ponto-cego-do-coser-da-vida
Refaremos.
O que as mãos, impunes,quiseram

                                [descosturar.

(João Paulo Martins Ferreira)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Asterisco Umbilical


Haveria de estar o dia hoje, mais belo do que ontem,
desta vez a energia se escaldava sobre o brilho do sol
e fazia o ar se tornar mais forte,
junto consigo, me levaria até jorge

E de jorge a platão o amor continuaria,
sem desprezo ou insano-rebeldia,
da pureza da fonte, do dia,
e do mar que ladeiras rompe,
entre as pedras das santas marias

E de santos as casas falam por si só,
ecoam e permutam dentre as ruas
e se fecham nas igrejas, como nós,
fazendo assim, seguidores sem fé

E da fé badalava o sino
sobre a capela transcendente,
aos limites do destino,
as trevas que de longe se esvai
sobre o amor cantado em hino

As bocas soavam como as calmarias do lago leste,
com o peito estufado e palavras direitistas,
aquela ordem e homens, todos enfileirados,
os quais nunca exitariam concretizar-se progressistas

No entando, haveria em prática o regresso,
regresso de um homem por mil,
pelas infinidades sem fé de seu ato anti-viril.

Os lagos desabariam em chamas
e o amor que tanto exclama
perderá-se de Oeste a Leste

E por fim, a o claro se tornaria escuro,
a energia não se trasformaria,
os lagos secariam,
o homem não mais acordaria
para ver a outra
e mais bela face de um novo amanhã.

Lucca Moretti e Gustavo Machado. (Os Madeixos)

domingo, 23 de outubro de 2011

Felicidade


Nos mais complexos versos contidos em uma poesia, ou no mais vasto vocabulário dos filósofos gregos, encontra-se a palavra felicidade. Um sentimento valioso, adorado e pouco julgado. Do que se trata a felicidade?
Felicidade. Dez letras, cinco sílabas com tônica em “-da”. Se só isso bastasse para a descrição de uma palavra tão corriqueira, mas valiosa, o mundo seria muito mais feliz, ironicamente falando. Pois bem, o que é a felicidade? A felicidade, como descreve o nosso dicionário atual significa ventura, bem-estar, contentamento. Será só isso mesmo? Retornando até sua origem, felicidade originou-se do latim felix, que quer dizer frutuoso, forte, fecundo. Porém não é aí que queremos chegar, ou melhor, voltar. O que é felicidade?
Dizem que pode ser um estado imaginário, uma exaltação de glória, um sentimento infinito. A verdade é que não existe significado pálio para a palavra felicidade, nem sinônimos, nada. Alegria não é felicidade, pois é momentânea, passageira, rápida. Bem-estar tampouco; a palavra já possui hífen pra isso, pra dar lugar ao antônimo “mal”. Contentamento, bom, contentamento é alegria e vice-versa. Felicidade, que palavra é essa?... Não entra em questão a palavra, mas sim o valor. Algo inimaginável, na maioria das vezes. É abstrato. Talvez, para os que acreditam, é alcançada só em outros planos. Difícil de entender? Muito. Confesso que nem mesmo eu entendo o que estou escrevendo.
É subjetivo, individual o valor da palavra. Tanto que N autores mudaram o significado de várias. Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, transformou o significado de milhares de palavras em seus poemas. Deu nova roupagem, coloquialmente falando. Palavras sentimentais têm significado a partir da pessoa que a emite. Amor pra alguns nem sempre é bom, mas é amor. Tristeza pra alguns são motivo de felicidade, pois com ela conseguem produzir algo. E tristeza é o contrário de felicidade. Que mundo desvairado.
É forte, preciosa e inexplicável. Conclusão? Eu sou feliz por não saber explicar isso. E aliás, não existe explicação. Felicidade é um êxtase, uma droga, um estado para além do entendimento humano. É formidável e pronto ninguém questiona. Não foi dito que o mundo é cheio de perguntas sem respostas. Pois bem, felicidade é isso, inexprimível, sedutora, subjetiva. Sentimos, vivemos, somos felizes sem saber como e por que. Isso basta. Pode ser um copo de whisky, um cigarro, uma noite de amor, ganhar na loteria. Pode ser tudo aquilo que queremos. Eis a felicidade, talvez...

Gustavo Machado. 

Cosmos Arbítrio



                Acordei sem saber o que acabara de sonhar. Fantasia, alucinação, magia etc, não sabia explicar o que havia acontecido. A maior aventura de todas. O sonho? Um remix de viagens psicodélicas que por sorte eu sobrevivi. Bem, ele começa maios ou menos assim...
                Estávamos nós três: eu, Lucca e Caipira. Estávamos a caminho do Teatro Municipal, assistir a uma peça de um grupo de cênicas, muito interessante de São Paulo.
       - De quem é essa peça mesmo? - Eu perguntei.
       - É da minha prima, Júlia, lembra? Ela faz parte do Show Brega e vai se apresentar aqui hoje. – Lucca respondeu.
 Animados, chegamos à portaria para a compra dos ingressos. Foi então que algo surpreendente aconteceu. Aconteceu um eclipse solar, onde os raios ultravioletas que penetravam a atmosfera queimavam tudo o que estava a sua frente. A cidade havia se destruído, pessoas tinham morrido. Podia ser o fim do mundo, o fim da espécie, o fim de tudo!
Meus amigos morreram, todos. Poucos sobreviveram à catástrofe dos céus, do sol, do fim. Eu me escondi em uma sombra quando tudo aconteceu. A tal sombra era uma espécie de escudo contra tudo o que estava acontecendo. Sobrevivi.
       - O que está acontecendo? – Perguntei a mim mesmo. De repente ouço a voz de uma mulher. Era Múria, minha professora do colégio.
      - Isso é o Livre Arbítrio. Deus concedeu a todos esse privilégio, inclusive aos planetas. Portanto, uma vez que eles decidirem se alinharem, formarem um eclipse e queimar-nos, eles podem. Estão sob direito Divino. – Múria respondeu.
Fiquei impressionado com que Múria tinha dito, porém achava a situação um tanto quanto correta, interessante. “O Sol era assassino e precisava ser preso”, pensei comigo, imaginando e rindo.
O Teatro ainda mantivera-se aberto e decidi que iria ver a peça de qualquer forma, mesmo que sozinho. Todos que dentro do teatro estavam não morreram. De repente, gritam meu nome.
      - Emo!!! – Chamaram por mim. Eram meus amigos, Lucca e Caipira.
      - Pensei que tivessem morrido, oras. – Eu disse.
      - Não, apenas vimos a luz. Linda, maravilhosa, divina. Deus realmente existe e nós o conhecemos. – Lucca e Caipira disseram.
     - Entendi. Vamos entrar, estamos atrasados. - Chamei-os.
Entramos no teatro como se nada tivesse acontecido. O Sol estava no seu devido lugar, assim como a Lua.
Acordei!

Gustavo Machado.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tela


Asas do imaginário: evoquem-se!
E, ao cobrir o vôo, contorne
Também, as suas sombras. ( para que não as deixe fugir)

(...)             

Ouvi, então,murmúrios
Da cosmo-harmonia almejada
Sonhei, eu, com a tela desnuda
De contraste taciturno
E sonância hermetizada.

E contorceu o pincel do tempo
Sobre a tela antes-desnuda
Rasgou traços e irrompeu o ilógico
Entre o auto-relevo da vida que passara
Compreendendo o campo de evasão
Que ele mesmo criara.

 (...)

Imenso pelas asas do imaginário
Tracejou o inexprimível
Irrompeu, estancou a superfície
Que, por um instante, ainda era tangível.

E ainda não sabia
                           [de um sórdido detalhe
O espaço entre o pincel e a tela
É um vale.
                                           
                             [de soturnas falácias.

(João Paulo Martins Ferreira)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

À Vagina


Desinibido de todos seus pudores morais, certo de suas convicções ideológicas e necessidades carnais, ele sai na noite tão propícia para a busca daquele amor barato e efêmero, daquele momento único de sentir, de beber, de gozar. Sai sem rumo, mas com um objetivo, o de tentar saciar seu abismo interior que o corrói, tal como Roma, ao deixar os bárbaros sentimentos afetivos tomarem as rédeas de seu discernimento. O amor de dez minutos ou dez anos se esconde nas trevas daquela noite tão cativante. Escória masculina, ápice da libertinagem cafajeste, tão impuro da pureza feminina, do sabor, das curvas, dos orifícios. Tal busca se tornara o dilema de sua mundana existência naquele presente momento; a realização do desejo só faz o mesmo se esvair e assim, sucessivamente, uma após outra conquista frustrada de um desejo latente, se fecha nessa redoma promíscua, sabendo no fundo do peito que esses caminhos estreitos e molhados são os grilhões que o prendem às animalescas e prazerosas dádivas de um ser humano, imperfeito. Imperfeição que ao se olhar no espelho não é vista por ele, pois esta se entranha na sua carne de forma simbiótica, ele é aquilo, ele busca ser aquilo. O desprazer de um prazer mesquinho é o sentimento que preenche sua mente nebulosa na cama, diante do sono que o chama para tentar libertá-lo das garras da ressaca, uma tentativa frustrada de reavivar a moral já antes abandonada. Não consegue sair desse ciclo vicioso que se tornara o seu viver, pois não quer sair dele. É como beber de um veneno tão saboroso, que cada gole a mais faz com que se fortaleça a certeza da escolha em começar a bebê-lo. A doce amargura do viver intenso... No final da noite é tudo por ela.

(Eduardo R. L. Vieira)

sábado, 15 de outubro de 2011

Bom dia


“- Percebemos a qualidade de nossos dias pela hipocrisia com que somos bonificados com eles.”
Quando nos sujeitamos ao cumprimento matutino de “bom dia”, quase não percebemos a carga enérgica daquele singelo ato. Tanto o locutor quanto o receptor poderiam simplesmente levar essa “ideia de bondade” no decorrer das 24 horas estipuladas por nosso conceito temporal e transmiti-las para todos os seus atos e relações interpessoais; algo que raramente ocorre.
Somos apunhalados por horrendas ações que fazem com que nos acostumemos com um ambiente de hostilidade e insegurança, fruto da própria ignorância e hipocrisia dessa ideia  lançada e má interpretada.
Ou seja, quando der “bom dia” a alguém, seja sincero e honre as palavras que uma vez proferidas, jamais retornam, e tenha a humildade de agir conforme seus “mandamentos” a fim de promover a paz nem que seja em microcosmo, para que futuramente o macrocosmo possa usufruir da benevolência humana. Sem hipocrisia.  

(Eduardo R. L. Vieira)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Atordoado e Confuso


Sempre me considerei diferente,
Sempre quis ser diferente,
Algo que meu doce ego se apegou durante muito tempo,
Meu amigo das horas inócuas da noite.

Um modo de pensar, um modo de falar, um modo de amar,
Todas as singularidades que me cercam e
Definem meu agir e reagir,
Sou mais um, apenas mais um pensando em ser único.

Quero poder realizar proezas,
Quero concretizar inúmeras abstrações dessa vida,
Porque se estou aqui, já vivi, já senti, já morri.

Quero poder satisfazer meu corpo e alma como for preciso,
Quero acabar com meu juízo,
Destituir a caretice como um esquizóide alternativo.

Encontro-me insatisfeito,
Pronto a crucificar-me perante a mais ínfima acusação,
Padeço pelo meu autoflagelo psicológico.

Que belos dias seriam aqueles sem arrependimentos,
Se tudo pudesse ser reescrito,
Se fossemos os autores de nossa própria história,
Diversas passagens seriam retificadas.

Mas nem sempre temos o que desejamos,
Lutamos, aspiramos, questionamos,
Mas tudo não passa de uma grande piada
Que só no último suspiro entendemos...

O humor negro nos tira o último sorriso.

(Eduardo R. L. Vieira)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um Cigarro

 



Acorda a serpente dormente
Um brilho de repente
Transpõe a carne latente
Passa, hipnotiza, transcende calma-mente

Calado, sentado, parado, parado
Quero mais, quero mais, quero paz
Calado, deitado, cansado, cansado

Serpente transita constantemente
Serpente baila graciosamente
Serpente mente calma-mente

As chamas catalisam a serpente
O fogo afoga a fada doente
Disfarçada de serpente, mente

Calor, sabor, pudor, nada em mente
Naturalmente se esvai tranqüila-mente
Calado, sentado, parado, cansado, ser vivente
Vive pela serpente.



(Eduardo R. L. Vieira)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Navegando e questionando e seguindo a Razão



Muitos pesares
Muitos olhares
Muitas canoas
Muitas pessoas

Navegam nesse rio
E padecem nas suas encostas
Guiadas pelo Sagrado Trio

Poucos pensam a cerca da vida
Pois falsas verdades são impostas
Outros mantêm uma inquietação contida

Náufraga de uma história mal contada
Encontra-se a necessidade de saber
Por onde começar a empreitada
Pela compreensão do viver?

A razão tão questionada
A mentira disseminada
A verdade tão guardada

Corrôo-me nessa inquietante tempestade de dúvida.

(Eduardo R. L. Vieira)

O Ciclo

.VIDA
MORTE.



(Eduardo R. L. Vieira)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Amando

Eu não digo que finjo,
pois não vejo nobreza no ato
Digo que te amo e sinto
o futuro de nós nos laços atados.

Eu não digo que minto,
não minto pois não me traz felicidade
Digo que assemelha-se a um labirinto
por ti, essa minha tamanha saudade

Quero beijar tua boca e teu rosto,
Sentir tua suave pele,
Cheirar o teu pescoço.

Quero sussurar nos teus ouvidos
Te Amo cantarolando flores
e ver o brilho nos teus olhos lindos.

Gustavo Machado

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Vida-carreira


Não faço elogio à loucura
Nem exalto o que não tem cura.


Não tampo tampouco o lacre
Nem tão longe viajo ao Acre.


Não fujo, não grito, não corro
não ando, não nado nem peço socorro.


Tão menos deixo de ser louco
Tão menos viajo pouco
Tão menos deixo de gritar,
correr, andar, nadar.


Tão menos deixo de exaltar
o rabisco, o chuvisco, a beleza
a contemplar.


Tampouco deixo de viver e elogiar
Tampouco deixo de sonhar.


Sonhei, vivi, morri, acordei
desesperado, mas encarnado
não encanado, mas aliviado.


Sonhei, exaltei
e tão pouco agora eu sei.


Sei que não fiz nada por mais
nem nada por menos
Sei que não sei o que fiz
e me sinto satisfeito.


Passado, presente, futuro
o tempo subjetivo a mim
me passa como lembrança
até do que vou fazer.


E horas, dinheiro, cobrança
são poréns em vida.


E de forma alguma
a vida é sofrida,
a rima é perdida,
há descaso na dívida.


Na dúvida, um psicólogo
mas meu negócio é sociólogo
então, façamos História!


Gustavo Machado

Ao Óbito Das Sombras-Florais


O sol-mais-inócuo
Devorador de sombras
As engoliu sem perguntas
Nem tampouco porquês.

Fora como Hades: Decepou seu próprio exercito
                                                           [sub-planar.
Decepou as régias sombras
Que ousaram eclodir das montanhas-vivas.

Mas este sol, dilacerante mais que qualquer outro astro
Tomou minhas mãos
 E as transformou em viva-luz
Estranhei-me;

Agora eu era Hades, a ode do sub-eterno
Sabia devorá-las, embora nunca ousei querer.

Desejei, eu, apenas a sombra de uma flor única
E quis devorá-la. Quis inexisti-la. Quis errado

As flores sem sombras não povoam jardins
E as sombras,
Contorno repousado do que fora vivo
Existem apenas para fazer viver
O que outrora, de fato
Construiu quebradiças raízes sobre os sépios jardins
                                                          [cinzas-verdes.

(João Paulo Martins Ferreira)

domingo, 11 de setembro de 2011

Pensando


Penso no que condiz
Na ideia e na diretriz.
Mas acaba que penso em tudo,
Que um dia chega a nada
E do nada chega a tudo.

Penso no que me diz
No quadro, na lousa, no giz.
Mas acabo sem geometria,
Matemática é que não muda
Acabou a simetria.

Penso no longínquo passo
O esquadro, o compasso,
E Deus que me proteja
que se me proporcionar ambição,
que traga Lúcifer em bandeja.

Ou seja, que fim, que começo, que nada?
Que faca, que adaga, que espada?
Que palavra mal identificada?

Hoje eu penso de mãos atadas...
Hoje eu vejo o soldado sem farda...
Hoje eu penso, pensando (em nada)!

Gustavo Machado.

La Bamba


Desce que sobe e vira
e num passo, revira
a nobreza da dança!

E o som que contagia
em complexa harmonia
e a galera canta!

A melodia que de longe encanta
a beleza é santa
atira a cavalaria.

Toquemos e contagiemos
povo elegante
e que a música não pare
por nenhum instante

E que continue esse samba
a música é bonita
vamos, La Bamba!

Gustavo Machado.

Voo



Ah! Como os ares são indescritíveis
Terras longínquas se aproximando
A calmaria de um vôo
(Turbulento às vezes)
Indescritível...

Somos tão pequenos, tão capazes
Somos seres humanos

Conhecendo novas culturas, novos povos
Pessoas ilustres, pessoas que amamos
Situações que nos marcam
Indescritível...

Meu amor se distancia a cada segundo
Nessa redoma metálica a 800 km/h numa altitude de 11.800 pés
Eu aguardo ansiosamente por vê-la de novo
Ansiosamente...

(Eduardo R. L. Vieira)