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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Socorro Calçadístico


E as calçadas desgovernadas
pedem arrego das rodas estacionárias.

-Corram! - Diz o piso lateral
-Sentam-se! - Diz a cantoneira
-Fujam, covardes! - Diz a borracha petrólica.

E cansadas estão todas essas calçadas
exaltas e pisoteadas.

Ipanema pede greve
dos saltos-furadeira
e das solas mal-gastadas.

Faz zig-zag pra se refugiar
mas é insistente o  holocausto
contra elas.

Hollywood viu mãos
e foi tapeada na cara
quanta falta de misericórdia
com essas humildes calçadas.

-Andem no asfalto, seus miseráveis! - diz a calçada revoltada -
É seu irmão, borracha petrólica. Maltrate-o a mim! 

Mas a circunferência de setores gira sem exaustão
e as rodas estacionárias adiantam e atrasam
e massacram as calçadas,
as cantoneiras,
as ladeiras
pintadas de verde e amarelo
e branco.

Viva a barbearia transital
Sofrem as calçadas desse caos.

Gustavo Machado

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Expansão vital-dimensional


O sereno que pela fresta se espalha
em tom de cor-morta
arrepia o que um dia se vê
e o passado então entorta.

Entorta o vidro,
o espelho,
o caminho,
em busca do surreal
perfeito espinho.

E pinta de cinza
o batente avermelhado
tampa a janela
e lacuna o telhado.

A fresta, então, se rompe em buraco,
em vortex transcendental,
em plano sub-real.

A vista cansa,
a neblina entra,
o olhar espanta,
o caminho aumenta.

As flores murcham com a brisa
os cavalos gritam, congelados
os tomates saltam, salteados
a vida expande-se sobre a vida.

A eternidade,
o sereno espírito,
o frio quente
da alternação de plano.

A fresta fecha,
o buraco cobre-se,
o torto desentorta-se,
e tudo que estava morto acinzentado
volta a cor viva,
ao vermelho luz,
a paixão que conduz
o sentido da vida.

E a vida expande-se sobre a vida!

Gustavo Machado.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Texto Reflexivo


Das várias bombas soltas por aí,
Desde Hiroshima ao Haiti,
O desespero pelo petróleo,
A sede excomungada por territórios,
O que ainda haverá de vir?
Depois de Bush trair o próprio país,
Destruir o pentágono e as duas torres,
Não se vê cair nenhuma lágrima do seu falso rosto;
Por milhões de vozes silenciadas em dores (Como no Século XX, o mundo fuzilado pelas tropas arianas de Füher).
Imperialistas indutores que impõe para todos como tudo deve ser,
Avante, pois, das mazelas de gaza as nações mais fracas,
O impetuoso sentimento de ódio nunca é saciado.
Até quando derramar o sangue alheio será justo?
Não cansando nunca de controlar tudo para obtenção de mais poder.
A simples liberdade de contestar,
Ao grotesco ato de atirar,
Agora até em lar familiar,
Há de haver uma bomba prestes a estourar.
Seria mesmo difícil compreender palavras,
Estabelecer consensos
E respeitar costumes e culturas diferentes?
O poder não deve o certo para estabelecer o que de fato é certo.
A sua crítica para com outro, na verdade é, o seu próprio defeito visto de maneira imperceptível
Um cristão comum que se apega a imagem de Jesus pregado a cruz,
O Hindu que se isola dos males humano-conscientes para alcançar a luz [...]
Qual estará certo eu não sei e ninguém saberá dizer,
Mas foram conceitos criados para nos melhorarmos.
O óbvio se encontra no óbvio.
As belezas estão dispostas na vida.
O simples é tornado agradável na instância vivencial,
E por que tudo não se torna simples como as palavras?
Qual será a nova face do mundo?
Que heresia poderia ser posta em vigor?
Mas saibam que o poder nunca será absoluto.
O camponês que antes andara a pé, agora és rei,
Montado sobre um nobre cavalo azul e verde.
E da mão de obra barata, o PIB ultrapassará até mesmo aqueles que um dia disseram que a América seria dos americanos.
Do petróleo para a água,
Das Américas à Ásia,
Em qual lugar se carregará a próxima arma?
Até qual ponto esperaremos a nova bomba ser montada?

 Por: Lucca Moretti Rios

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Memórias Luso-Mineiras


Caminhando pela Avenida Dr. Lisboa,
Deparei-me com Camões embriagado,
Cantarolando sobre sua vida à toa,
Só podia eu estar equivocado.

Camões veio de Portugal?
Camões veio do Umbral?
Questionei-me incessantemente.

Fazia poesia a revelia,
Palavras de incomparável melodia,
Boquiaberto estava eu, frente a frente.

Soltei a fumaça aprisionada em meu pulmão,
Camões se esvaiu no vazio da dimensão,
Tudo não passou de uma ilusão,
Ou será que não?

Loucura urbana da mocidade,
Pouso Alegre promovendo a condutividade
Entre sonho e realidade.

(Eduardo R. L. Vieira)