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sábado, 16 de julho de 2011

Descoberta



Como materializar-se a perfeição?
Algo tão abstrato, sutil e complexo
Como?
Mas como?

Nas curvaturas de um corpo
Nas peripécias de um amante
Na sutileza de toques mutuamente carinhosos
Nas certezas, nas incertezas...

Nesse amor tão singular, tão próprio
Na fugacidade material
Na necessidade material

Machuca-me, corrói-me,
Cura-me, acalma-me,
Derruba-me, prende-me,
Levanta-me, liberta-me.

Nessa tão sólida base quanto as peculiaridades de um olhar singelo
Nessa fusão entre abstrato e concreto
O errado e o correto
O poeta jaz quieto

Quietude que o ilude
Virtude mesclada à atitude
De sofrer na solidão

Solidão subordinada à paixão
Fusão de consciência e coração
Equilibra-me, tão custosa perfeição.

Assim transforma-se o beijo amigo
Num coração partido
A trêmula mão sobre o corpo da mulher despida
No longo e profundo suspiro de despedida.

Quero-te a todo o momento
Deveras belo fora o curto tempo
Em que minhas tu fosses
E agora me restam apenas lembranças de sorrisos doces.

Nessa efemeridade sem pudor,
Teu calor,
Teu sabor.

Sinto, escrevo e partilho minha dor
Temo eu estar descobrindo,
O que de fato é o amor.

(Eduardo R. L. Vieira)

Um comentário:

  1. A efemeridade da vida corrói os sentimentos, como esse tal de amor escorre pelas mãos...

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