E as calçadas desgovernadas
pedem arrego das rodas estacionárias.
-Corram! - Diz o piso lateral
-Sentam-se! - Diz a cantoneira
-Fujam, covardes! - Diz a borracha petrólica.
E cansadas estão todas essas calçadas
exaltas e pisoteadas.
Ipanema pede greve
dos saltos-furadeira
e das solas mal-gastadas.
Faz zig-zag pra se refugiar
mas é insistente o holocausto
contra elas.
Hollywood viu mãos
e foi tapeada na cara
quanta falta de misericórdia
com essas humildes calçadas.
-Andem no asfalto, seus miseráveis! - diz a calçada revoltada -
É seu irmão, borracha petrólica. Maltrate-o a mim!
É seu irmão, borracha petrólica. Maltrate-o a mim!
Mas a circunferência de setores gira sem exaustão
e as rodas estacionárias adiantam e atrasam
e massacram as calçadas,
as cantoneiras,
as ladeiras
pintadas de verde e amarelo
e branco.
e branco.
Viva a barbearia transital
Sofrem as calçadas desse caos.
Gustavo Machado
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