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domingo, 23 de outubro de 2011

Felicidade


Nos mais complexos versos contidos em uma poesia, ou no mais vasto vocabulário dos filósofos gregos, encontra-se a palavra felicidade. Um sentimento valioso, adorado e pouco julgado. Do que se trata a felicidade?
Felicidade. Dez letras, cinco sílabas com tônica em “-da”. Se só isso bastasse para a descrição de uma palavra tão corriqueira, mas valiosa, o mundo seria muito mais feliz, ironicamente falando. Pois bem, o que é a felicidade? A felicidade, como descreve o nosso dicionário atual significa ventura, bem-estar, contentamento. Será só isso mesmo? Retornando até sua origem, felicidade originou-se do latim felix, que quer dizer frutuoso, forte, fecundo. Porém não é aí que queremos chegar, ou melhor, voltar. O que é felicidade?
Dizem que pode ser um estado imaginário, uma exaltação de glória, um sentimento infinito. A verdade é que não existe significado pálio para a palavra felicidade, nem sinônimos, nada. Alegria não é felicidade, pois é momentânea, passageira, rápida. Bem-estar tampouco; a palavra já possui hífen pra isso, pra dar lugar ao antônimo “mal”. Contentamento, bom, contentamento é alegria e vice-versa. Felicidade, que palavra é essa?... Não entra em questão a palavra, mas sim o valor. Algo inimaginável, na maioria das vezes. É abstrato. Talvez, para os que acreditam, é alcançada só em outros planos. Difícil de entender? Muito. Confesso que nem mesmo eu entendo o que estou escrevendo.
É subjetivo, individual o valor da palavra. Tanto que N autores mudaram o significado de várias. Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, transformou o significado de milhares de palavras em seus poemas. Deu nova roupagem, coloquialmente falando. Palavras sentimentais têm significado a partir da pessoa que a emite. Amor pra alguns nem sempre é bom, mas é amor. Tristeza pra alguns são motivo de felicidade, pois com ela conseguem produzir algo. E tristeza é o contrário de felicidade. Que mundo desvairado.
É forte, preciosa e inexplicável. Conclusão? Eu sou feliz por não saber explicar isso. E aliás, não existe explicação. Felicidade é um êxtase, uma droga, um estado para além do entendimento humano. É formidável e pronto ninguém questiona. Não foi dito que o mundo é cheio de perguntas sem respostas. Pois bem, felicidade é isso, inexprimível, sedutora, subjetiva. Sentimos, vivemos, somos felizes sem saber como e por que. Isso basta. Pode ser um copo de whisky, um cigarro, uma noite de amor, ganhar na loteria. Pode ser tudo aquilo que queremos. Eis a felicidade, talvez...

Gustavo Machado. 

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