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sexta-feira, 18 de março de 2011

Cobiçada infância

Doce infância
que não volta mais
e inocente cobiça
por querer ser adulto

Tanta saudade sinto
dos meus tempos de criança
onde a maior responsabilidade
era a grande brincadeira de viver

A felicidade tomava conta de mim
corria em zig-zag,
pulava amarelinha,
jogava bolinha de gude,
andava de bicicleta,
jogava pião...

Era tão burro,
talvez todos pensassem assim
queríamos ser adultos,
dirigir nossos próprios carros,
namorar era nojento,
mas um tanto desejado
nossas vidas eram preparações
sem sentido para o envelhecer

Os problemas passavam longe
da terra nós éramos ímãs
queríamos nos sujar
sem se preocupar com o futuro
o presente era essencial
e fundamental, era somente nosso
Único

Da vida não sabíamos
mas não precisávamos
conhecimento não era preciso
queríamos apenas o intenso viver
e sermos felizes
Éramos pólos de energia inesgotável
nunca nos cansávamos
sempre tínhamos o chamego de nossos pais
o colo, na cama eles nos punham

Mas envelhecemos e perdemos
o grande sentido da vida:
viver
corremos pra cima e pra baixo
e a preocupação com os estudos
e com o trabalho florescem a cada instante
como uma bomba prestes a estourar

BUM!

A vida está indo embora
e nem ao menos experimentei

E como esse mundo é movido por contrários
nossa maior cobiça é ser criança
e a maior conduta
é a responsabilidade de viver

E vem casa, esposa, contas, dívidas
e nossos filhos queremos ser
e eles querem nos ser
mas não sabem o quão duro
 é ser adulto

Quem dera fosse mágico
como o Peter Pan eu queria viver
ser uma eterna criança
sem responsabilidades,
sem compromissos

Um dia vou construir
uma máquina do tempo
para voltar a viver
uma doce infância
de longe, objetivada em ser
ADULTO


Gustavo Machado.

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