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sexta-feira, 18 de março de 2011

Escada

Sobe e desce interminável
Essa escada não tem fim
Minhas pernas já se cansam
E eu não encontro mais o fim

E agora, o que eu faço?
Onde é que eu vim parar?
Essa escada nunca acaba
O meu corpo vai desabar

É uma maratona escadalística?
Ou um labirinto com degrais?
Eu desço e subo essa escada
E não consigo nem sinais

Pontuação. Exijo, se for cobrado
E dinheiro, pois meu corpo não é de ferro
Infinito seria esse trajeto
Morrer seria um privilégio

E quando subo penso em igrejas,
Escadarias de catedrais
E já desvio o pensamento,
Pois me canso só de pensar
Em ver o padre falar,
Quanto mais subir escadas
Pra ladainha começar

E quando desço penso em inferno,
Mas essa escada não tem dó de mim
Desço e passo pelo cemitério
E esse início e meio não tem fim

Seria um fundo sem poço
Essa maratona escadalística
 (ou labirinto com degrais)?
Talvez o começo de um mundo,
O escorrer de um esgoto,
Como pensavam os antigos
Que representavam o mapa Mundi
Como um mundo em forma de disco,
Onde os oceanos caem
E os elefantes os sustentam

O clima está mais úmido
Creio que seja isso
O mundo é plano
Estou chegando ao seu princípio,
Ou talvez precipício

Só não parem a pontuação
E aumentem o meu prêmio,
Estou prestes a descobrir
Algo interessantíssimo,
Pode ser o começo ou o fim do mundo,
Ou o centro de tudo isso

Não sei se vou aguentar,
Meu fôlego está a acabar
Meu corpo não se sustenta,
Meus pés estão dormentes

Preciso descansar,
Afinal, eu sou o meu próprio concorrente
Vou telefonar pro meu empresário

-Alô? – empresário
-me mande dinheiro e calmante – Eu
-Pra quê? – empresário
-não aguento mais subir e descer.
Vou atingir o meu trajeto e construir uma escada rolante – Eu

Cheguei ao fim,
Bilionário, estou agora
A escada rolante me ajudou,
Mas não consigo ir embora
Pois estou longe do botão que diz:
 “VOLTA AO MUNDO REAL, PARE DE VIAJAR"


Gustavo Machado.

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