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sexta-feira, 18 de março de 2011

Mor-ria

(João Paulo M. Ferreira)

Morra em mim
 
Rasgue-se com a lâmina púrpura 
E penetre seus pedacinhos semi-dissolvidos em meu sangue 
Ou guarde, quem sabe, alguns vestígios 
Para embeber-me; vinho amargo, ou café tinto. 
Morra em paz 
Estraçalhe-se frente à um espelho cor-de-anil. 
Veja os traços, as marcas do decepar 
Decepe lentamente. Faça símbolos, sóis, estrelas,noites,gritos. 
Mas faça em si própria. Pense. 
Agora ria. 
Escárnio embebido pela madrugada. 
Juntes os pedaços, os retalhos, os ossos, os sangues. 
Una. Sinta o furor dos gostos misturados. 
Tente ressurgir. 
Faça cinzas, brilhantes, ou jornais que possam não-lhe-devassar. 
Devasse-se. 
Peça perdão. Enfraqueça a si própria. 
Contorne o auto-ego. 
Então, suprima tudo. 
O estilete, o espelho, os cacos, os pedaços, as vertigens e 

os 

sóis. 

que, por inquietude, ascendem as chamas auto-nós-destrutivas. 

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